segunda-feira, 14 de agosto de 2017

Ou se destrói o nazismo ou ele nos destrói

Na linha do que expliquei no post anterior, esta atualização estava completamente fora do previsto. Mas, em algumas situações, o silêncio é indicativo de cumplicidade. Há momentos em que não se pode tergiversar.

A marcha nazista ocorrida no último sábado, na cidade de Charlottesville, no estado da Virgínia, nos EUA, é digna de toda a condenação. Não se trata de um ato de liberdade de expressão. Não há liberdade de expressão quando se exprime um pensamento de ódio que visa eliminar outras pessoas.

Isso, aliás, é o óbvio ululante. Ou deveria ser. Mas, num país como o Brasil, em que se discute se o nazismo era de esquerda ou de direita, às vezes é preciso realçar as obviedades de algumas situações. E, tão evidente quanto isso, é que não há diálogo possível com a extrema-direita. Não há diálogo possível quando um grupo de pessoas se vê no direito de atacar as outras por uma auto-declarada supremacia que, como qualquer um sabe, não encontra qualquer respaldo na realidade.

Sartre, filósofo que se notabilizou, dentre outras coisas, pela defesa da violência revolucionária (que nada tem a ver com exercícios gratuitos de violência dos quais nosso cotidiano está tristemente repleto), fazia questão de ressaltar a impossibilidade de circulação e troca das ideias racistas, devido à sua irracionalidade operante. Ou seja, não se trata de um problema de convencimento. Aquilo que é irracional está, por definição, apartado da possibilidade de diálogo, que pressupõe, sempre, um mínimo acordo racional.

Digo isso porque essa impossibilidade precisa ser recuperada neste momento em que não apenas nos EUA, mas no mundo todo – e o Brasil tem sido um locus privilegiado deste recrudescimento –, ideologias neo-nazistas ou neo-fascistas encaminham-se para retomar posições definitivas no cenário político global, apenas sete décadas após os horrores da Segunda Guerra.

Com efeito, recuperar aquela impossibilidade significa não sofismar. Significa dizer em alto e bom som do que se tratam aquelas ideologias. Significa entender que ou se destrói o ovo de serpente do nazismo ou ele choca e nos destrói. Porque, vale insistir, não se dialoga com esse tipo de “gente”. Apenas se combate com todas as armas, até a sua eliminação.

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