Amado por muitos, odiado por outros
tantos, Fidel Alejandro Castro Ruz completa neste sábado, 13 de agosto de 2016,
90 anos. Marca incrível para qualquer ser humano comum. Mais surpreendente
ainda para quem, segundo o insuspeito Guiness
Book, sofreu mais de 600 tentativas de assassinato enquanto comandou Cuba,
entre 1959 e 2006, e ousou desafiar o maior poder
econômico-político-militar-cultural jamais visto.
Menos pelos erros inegáveis ou pelos
acertos igualmente inquestionáveis enquanto governante – o balanço fica para outra oportunidade –, Fidel entrou para a
história, a meu ver, sobretudo como símbolo da luta pela solidariedade e emancipação
dos povos da América Latina no século XX.
Para ilustrar aquilo que entendo
ser o seu maior legado, permito-me contar rapidamente de uma historinha de quando
estive em Cuba, há quatro anos: estava conhecendo a famosa Bodeguita del medio, em Havana, quando, no intervalo do grupo
musical que se apresentava, saí para tomar um ar. Do lado de fora, comecei a conversar
com a cantora do grupo e com o segurança do local. Este, ao saber que eu era
brasileiro, perguntou-me de imediato o que eu fazia. Ao ouvir que era estudante
de filosofia, ele me disse: “Que bom, um filósofo brasileiro! Vocês têm muito a
pensar, a fazer. Têm que ajudar Lula e Dilma a continuar transformando o
Brasil, ajudar a transformar América”.
Aquelas palavras, para mim tão
certeiras, mas absolutamente inesperadas, vindas de um cidadão comum, me
tocaram por vários motivos. Um deles, foi precisamente porque ela expressava
uma consciência crítica e uma solidariedade a que não estamos acostumados. Mas que,
já notara, não eram incomuns naquele país. Mérito, sem dúvida, da consciência que
o líder da Revolução Cubana incutiu no povo de seu país. “A batalha mais importante é a batalha das ideias”, costuma dizer.
Enfim, essa é a maior herança,
para mim, que fica de Fidel Castro: ter demonstrado, à América e aos países do
dito “terceiro mundo”, que eles poderiam ser senhores de seu destino. Como fica
claro no vídeo abaixo, que contém um dos mais célebres discursos – se não o mais
– do líder cubano, proferido na ONU, em 1979, essa foi, desde sempre, sua luta.
É ela, ao fim e ao cabo, que permanecerá. É por essa herança que a história o
julgará. E é ela que hoje deve ser celebrada.
“As bombas podem matar os
famintos, os doentes, os ignorantes, mas não podem matar a fome, as doenças, a
ignorância. Tampouco podem matar a justa rebeldia dos povos, e no holocausto
também morrerão os ricos, que são os que mais têm a perder neste mundo”.
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