segunda-feira, 22 de agosto de 2016

As Olimpíadas foram um sucesso. Mas, e agora, como fica o nosso esporte?

As Olimpíadas foram, inegavelmente, um sucesso. Do lado de fora, mostramos, mais uma vez, do que somos capazes. Os jogos serviram para levantar um pouco nossa autoestima e recuperar nossa imagem diante de mundo, ambas tão desgastadas após o show de horrores do último 17 de abril, data da votação na Câmara dos Deputados do impeachment da presidenta Dilma. Do lado de dentro, grandes competições, descoberta de novos esportes, novos ídolos, recordes e momentos históricos que já deixam saudades.

Nesse quesito, aliás, é preciso perguntar: e agora? A pergunta é pertinente porque, apesar de ter alcançado seu melhor resultado em termos de medalhas, o esporte olímpico brasileiro tem um futuro um tanto quanto sombrio. Primeiramente, por conta de um problema crônico, que já abordei aqui no blog, logo após os jogos de Londres: a histórica falta de uma política esportiva de base, desde as escolas, que utilize o esporte em sua mais importante faceta em um país como o nosso: aquele da inclusão social. As ações até aqui arroladas nesse sentido ainda são tímidas, e estão longe de contemplar todo o potencial que temos. Quem sabe, o uso das instalações olímpicas que ficaram de legado não possam ser mais um passo rumo a esse ideal...

Ademais, no âmbito dos atletas de ponta, a situação que se avizinha pode ser catastrófica. Afinal, o governo Temer já anunciou que pretende por um ponto final nos programas de ajuda governamental aos atletas (que se estendem dos patrocínios de empresas estatais ao Bolsa-Atleta, passando também pelo acordo com as Forças Armadas). A grande maioria de nossos competidores no Rio era agraciada com algum apoio desse tipo, inclusive vários de nossos medalhistas. A melhora na classificação final, diga-se, é indissociável desse suporte, que se estende desde meados da década passada.

Caso Temer realmente extinga essa política de ajuda ao esporte, tanto sua capilarização fica extremamente prejudicada, quanto o desempenho em Tóquio 2020 corre sérios riscos de ficar aquém do que poderíamos. Por isso, passada a ressaca pós-Olimpíada, é fundamental que a sociedade, a começar pelos atletas, se organize e pressione (muito) para que a política de Estado de apoio ao esporte não seja mais uma área a sofrer os retrocessos do governo golpista.

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