quarta-feira, 4 de maio de 2016

Cecília Meireles - Motivo

Post de número 300 do blog, em pouco menos de seis anos de atividade ininterrupta! Quero agradecer enormemente todos os leitores e leitoras, tanto aqueles mais assíduos, quanto os eventuais. Este espaço foi criado, sobretudo, como um exercício de liberdade de reflexão, de disseminação da filosofia, de crítica social e política e de divulgação artística. Creio que tem sido fiel a seu princípio.
Para celebrar essa marca, brindo vocês com um tocante poema de Cecília Meireles, intitulado Motivo.












Motivo

Eu canto porque o instante existe
e a minha vida está completa.
Não sou alegre nem sou triste:
sou poeta.

Irmão das coisas fugidias,
não sinto gozo nem tormento.
Atravesso noites e dias
no vento.

Se desmorono ou se edifico,
se permaneço ou me desfaço,
— não sei, não sei. Não sei se fico
ou passo.

Sei que canto. E a canção é tudo.
Tem sangue eterno a asa ritmada.
E um dia sei que estarei mudo:
— mais nada.

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