Vamos lá: algumas apostas sobre o
aparente surto de bom senso da dupla FIESP/FIRJAN (Federação das indústrias de
SP e RJ, respectivamente) e das Organizações Globo no final desta semana
tumultuada.
A meu ver, FIESP e FIRJAN fazem
um cálculo puramente econômico. O país em crise é ruim para seus representados.
E, nesta semana, ficou claro que o ajuste fiscal do governo pode fazer água no
Congresso, onde há uma rebelião generalizada das “bases”, capitaneada por
Eduardo Cunha. A nota, ecoando o que alguns grupos de mídia já vinham
anunciando, parece dizer algo do tipo: “Vocês foram longe demais. A crise
política não pode mais atrapalhar nossa recuperação econômica”. Cunha, de fato,
deve ter sua queda política selada nas próximas semanas.
A Globo vai em linha semelhante. Até
porque, verdade seja dita, os governos petistas foram e continuam sendo
bastante genero$o$ com as empresas da família Marinho. Ademais, em um momento
de baixa de audiência e perda de sua credibilidade, a Globo, provavelmente, não
quer ser novamente tachada de golpista (como em 1964 e 1989). Por isso, não
pode embarcar (abertamente, pelo menos) na insanidade de novas eleições
proposta pelo PSDB de Aécio. Apoiariam uma destituição da presidência apenas em
um caso extremo, visando, assim, passar para o grande público a (falsa) ideia
de imparcialidade.
Como cereja no bolo, os dois
grupos ainda tomam as rédeas do governo. É aquela velha lógica chantagista: “Nós
lhes demos apoio na hora mais difícil. No momento oportuno, esperamos nossa
retribuição”. Ou seja, em troca de apoiar a legalidade democrática, garantem que
nada vindo de Brasília vai atrapalhar seus negócios. Ao mesmo tempo, tornam o
governo refém de sua agenda pelos próximos três anos.
E, nesta quadra, um último dado
relevante. O presidente da República, de fato (ou seja, reconhecido por estes setores),
passa a ser Michel Temer. É parte fundamental da “troca” que se desenhou. Se ela vai vingar? Não sei. Mas,
ao que tudo indica, é o que se pretende.
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