sábado, 8 de agosto de 2015

Sobre o atual momento político

Vamos lá: algumas apostas sobre o aparente surto de bom senso da dupla FIESP/FIRJAN (Federação das indústrias de SP e RJ, respectivamente) e das Organizações Globo no final desta semana tumultuada.

A meu ver, FIESP e FIRJAN fazem um cálculo puramente econômico. O país em crise é ruim para seus representados. E, nesta semana, ficou claro que o ajuste fiscal do governo pode fazer água no Congresso, onde há uma rebelião generalizada das “bases”, capitaneada por Eduardo Cunha. A nota, ecoando o que alguns grupos de mídia já vinham anunciando, parece dizer algo do tipo: “Vocês foram longe demais. A crise política não pode mais atrapalhar nossa recuperação econômica”. Cunha, de fato, deve ter sua queda política selada nas próximas semanas.

A Globo vai em linha semelhante. Até porque, verdade seja dita, os governos petistas foram e continuam sendo bastante genero$o$ com as empresas da família Marinho. Ademais, em um momento de baixa de audiência e perda de sua credibilidade, a Globo, provavelmente, não quer ser novamente tachada de golpista (como em 1964 e 1989). Por isso, não pode embarcar (abertamente, pelo menos) na insanidade de novas eleições proposta pelo PSDB de Aécio. Apoiariam uma destituição da presidência apenas em um caso extremo, visando, assim, passar para o grande público a (falsa) ideia de imparcialidade.

Como cereja no bolo, os dois grupos ainda tomam as rédeas do governo. É aquela velha lógica chantagista: “Nós lhes demos apoio na hora mais difícil. No momento oportuno, esperamos nossa retribuição”. Ou seja, em troca de apoiar a legalidade democrática, garantem que nada vindo de Brasília vai atrapalhar seus negócios. Ao mesmo tempo, tornam o governo refém de sua agenda pelos próximos três anos.


E, nesta quadra, um último dado relevante. O presidente da República, de fato (ou seja, reconhecido por estes setores), passa a ser Michel Temer. É parte fundamental da “troca” que se desenhou. Se ela vai vingar? Não sei. Mas, ao que tudo indica, é o que se pretende.

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