sábado, 24 de agosto de 2013

Fellini 8 1/2

Vi Oito e meio, pela primeira vez, há quase 10 anos, numa apresentação na UFSCar, com apresentação do saudoso filósofo Bento Prado Júnior - que, poucos meses depois, se tornaria meu orientador na graduação. Se estivesse vivo, Bento teria completado 76 anos no último dia 21. A lembrança deste filme, que ele tanto admirava, é minha singela homenagem a ele.

Naturalmente, os sempre brilhantes comentários de Bento facilitaram meu entendimento e me fizeram admirar ainda mais essa obra de Federico Fellini. Afinal, 8 1/2 é daqueles filmes que deve ser visto com absoluta concentração, atenção aos detalhes, às imagens. Não é, portanto, um filme de "fácil degustação". Além do mais, sua longa duração (mais de duas horas) e o fato de ser filmado em branco e preto, pode, a princípio, afugentar alguns e dificultar o entendimento. Mas, uma vez imersos na trama e na metalinguagem que Fellini aplica neste trabalho, é difícil não se encantar com essa verdadeira obra de arte: a trilha sonora, de autoria de Nino Rota (que também assina a trilha de filmes como O poderoso chefão e Romeu e Julieta); a permanente alternância entre sonho e realidade que caracteriza o roteiro (embora confesse que, naquele momento, tenha tido dificuldades em compreender algumas passagens, mesmo com as explicações de Bento); e, sobretudo, pelas atuações magistrais de Marcello Mastroianni e Claudia Cardinale, além de Anouk Aimée. Mastroianni, aliás, é, na minha opinião, um dos melhores atores que vi atuar. Mais talvez: um daqueles caras que a gente olha e diz: "queria ser como ele". Como se diz atualmente: um "mito". E Cardinale, além de competente é, provavelmente, das atrizes mais belas que já apareceu nas telas.

8 1/2 é, sem dúvidas, obrigatório para os amantes do cinema. 



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Fellini 8 1/2

Ano: 1963
Direção: Federico Fellini
Gênero: Drama
Origem: Itália
Duração: 138 min. (preto e branco)
Elenco: Marcello Mastroianni, Claudia Cardinale, Anouk Aimée

Sinopse: Oito e meio é quase um filme autobiográfico de Fellini. O título se refere à carreira do próprio diretor, que até então já havia dirigido seis longa-metragens, dois episódios de filme e havia co-dirigido um longa-metragem. Utilizando-se de metalinguagem, o filme retrata a crise de criatividade de um cineasta chamado Guido Anselmi, que demonstra um certo esgotamento no seu estilo de vida e resolve se internar em uma estação de águas para buscar inspiração. O filme conta com grande influência da teoria psicanalítica de Carl Jung, da qual Fellini era um entusiasta. Um exemplo é o foco nos sonhos do protagonista para explicar sua personalidade e os acontecimentos de sua infância. Do mesmo modo, o uso da fotografia preta e branca visa demarcar o conceito jungiano de sombra.


quarta-feira, 14 de agosto de 2013

Rebaixamento moral

A crise sem precedentes pela qual passa o São Paulo pode, sem dúvidas, culminar no rebaixamento inédito do clube para a segunda divisão do Campeonato Brasileiro. Contudo, mesmo que esta não venha ocorrer – do que, sinceramente, duvido cada vez mais – é inegável que os fatos que se desenrolaram nas últimas semanas (brigas na sede social do clube, discussão em rede de televisão entre oposição e situação, troca de acusações entre jogadores e diretores ou o ex-técnico), demonstram, ao menos, conforme bem definiu o radialista "Sombra", do programa Estádio 97 (da rádio 97 FM), um rebaixamento moral do clube. O São Paulo tornou-se um clube varzeano que envergonha seu torcedor.

Este rebaixamento, talvez, seja mais difícil de ser revertido do que um eventual rebaixamento técnico. Como demonstra a nova passagem do Palmeiras pela segundona neste 2013, é muito difícil que um grande clube não voltar imediatamente à primeira divisão depois de uma queda. Mas, recuperar seu antigo status, a confiança do torcedor, a dignidade, não é algo tão simples. O Vasco é um exemplo de clube que caiu, voltou e continua com os mesmos e vexatórios problemas de antes da queda.

Solução? Só há uma: mudar drasticamente a forma de condução do clube. Mas, como sabemos, isso só será plenamente possível a partir das eleições no próximo ano. Com efeito, a declaração de ontem de João Paulo de Jesus Lopes (na linha do “time grande não cai”) é mais uma prova da dificuldade que a diretoria do São Paulo tem em compreender o atual estágio do clube. Por isso, mesmo a indicação de Gustavo Vieira de Oliveira para gerir o futebol tricolor não apaga o esgotamento completo da atual gestão. Contudo, sua presença abre uma última esperança de salvação dentro de campo. Afinal, este esgotamento – que resultou no rebaixamento moral citado acima – não precisa necessariamente ser traduzido em rebaixamento técnico. Ainda há tempo de, ao menos, reverter a situação na tabela. Para isso, é preciso, acima de tudo, que os responsáveis pelo futebol tricolor engulam o orgulho, assumam que o elenco é fraco e busquem jogadores ainda disponíveis para ajudar tecnicamente o time (o que, aliás, deveria ter sido feito há meses). Além disso, é fundamental que eles ajudem Autuori na administração do elenco. Gustavo, portanto, neste cenário, é a peça fundamental: diante do caos instalado, o futuro imediato do tricolor paulista, dentro das quatro linhas, depende muito de seu sucesso.

domingo, 4 de agosto de 2013

Frank Sinatra - My Way

Um clássico que dispensa apresentações. Frank Sinatra no Madison Square Garden, em 1974, cantando seu "hino nacional", como ele define na abertura. Composta por Paul Anka, espero que, um dia, essa música possa me servir de epitáfio.