segunda-feira, 25 de março de 2013

A persistência da memória

Depois da pausa de algumas semanas, volto a atualizar o blog com um poema que escrevi há alguns anos, inspirado no quadro A persistência da memória, de 1931, de Salvador Dalí – que considero um dos mais inspiradores e criativos da história. Nos últimos meses, Paris recebeu uma grande exposição sobre o pintor, que contava com suas principais obras, inclusive esta. Tive a felicidade de vê-la há cerca de um mês, e foi neste momento que me lembrei desses versos, que agora decido compartilhar com vocês. Além disso, o tema da memória vem bem a calhar depois de alguns dias em que perdas, parciais ou definitivas, tomaram conta da minha vida.
















A persistência da memória
(Inspirado no quadro de Salvador Dalí)


A memória persiste
                                   Dalí,
daqui,
                        de
                                 to
                                 dos
                                        os
            lu
                  ga
                        res,
um fluxoininterrupto
de ameaças fotográficas
                        a sobrevoar
                        nossas cabeças

Testemunha solitária
de um funeral inacabado,
trafega ao toque de
                        seios
                           e
                       senhas
sob a luz artificial
que dá contorno à noite

                        [a luz branca de esquecimento
                         a esfera sem começo nem fim
                         o medo do silêncio que passou
                                                       v o a n d o
                                                           pelo vidro do
                                                                       carro]

A memória assiste,
aqui,
                        ali,
aos velhos filmes e as mulheres sem maquiagem
E resiste,
                 Dali,
   daqui,
ao calor e ao champanhe que bor
                                                      bu
                                                           lha
                                               Vaidades

A memória persiste
e nos diz:
-Esqueçam!


7 comentários:

  1. Muito boa a poesia! Perspicaz a relação entre a obra de Salvador Dali e a ambiguidade de persistência com nossa memória.

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  2. Olá Vinicius... Estou escrevendo minha tese de doutorado em educação, estou fazendo referência esta obra e achei muito interessante sua poesia e gostaria de referenciá-la! Talvez eu precise de seu nome completo. Enfim...
    Abraço

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    1. Olá, Boa tarde! Agradeço demais pela referência. Meu nome completo é Vinícius dos Santos. Por favor, caso venha a citar, me envie sua tese. É algo bem significativo pra mim. Abraço

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  3. Oi, Vinicius!
    Estou fazendo uma análise de Arte e Cultura e escolhi essa obra como inspiração, posso utilizar da sua poesia para enriquecer meu trabalho?

    Adorei.
    Abraços!

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    1. Oi Thalita! Pode sim, claro! Se puder, me mande seu trabalho: vsantos1985@gmail.com

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