terça-feira, 8 de janeiro de 2013

Perspectivas políticas para 2013


2013 promete ser um ano politicamente decisivo, tanto no plano internacional, quanto no nacional. Para além da crise europeia, de seus reflexos na economia mundial, do primeiro ano do novo governo Obama, do eterno conflito no Oriente Médio ou das tensões em relação a países como Irã e Síria, a questão política internacional mais importante deste ano – ao menos deste início de ano – é o desenrolar da revolução bolivariana na Venezuela. Não apenas pelos evidentes avanços trazidos pelos dois primeiros governos Chávez à população mais carente do país, e que poderiam ser revertidos caso o chavismo veja-se derrotado (isto é, caso Chávez morra ou não tenha condições de exercer seu terceiro mandato). Mas também porque qualquer tipo de recuo político e/ou de retomada do poder político venezuelano por parte da burguesia local pode abalar toda a onda progressista e integracionista que tomou conta do nosso continente, e que iniciada justamente com a eleição de Chávez em 1998, abriu um um raio de sol no pântano das catástrofes provocadas pela ortodoxia neoliberal adotadas em nível mundial. Não à toa, o governo brasileiro tem se movimentado no sentido de ajudar a garantir a estabilidade de nosso vizinho e a manutenção da linha política (ao menos externa) por parte da Venezuela, mesmo no caso de Chávez deixar a presidência. Também na América do Sul, destaque também para o desenrolar da tensa situação argentina e das eleições paraguaias, um ano após a deposição do legítimo presidente Fernando Lugo (que será candidato ao Senado) por um golpe de  Estado.

Em nível nacional, passadas as eleições e o julgamento do “mensalão”, ficou mais uma vez evidente a urgência de pautarmos a reforma política (com ênfase no financiamento público de campanhas e, igualmente, do voto em lista) e a democratização dos meios de comunicação (a chamada “lei dos meios”). Já escrevi algumas vezes sobre o tema (veja aquiaqui ou aqui, por exemplo). E, por isso mesmo, fico feliz de ver o PT e setores da esquerda se propondo a encampar a luta por estas duas frentes neste ano. É finalmente preciso que saiamos do discurso e ganhemos as ruas com essas pautas. O problema é que o governo já se manifestou e dificilmente se engajará nesta luta – especialmente na luta pela aprovação de uma lei dos meios –, algo, a meu ver, inaceitável.

2012 foi um ano de alguns importantes avanços no governo Dilma, como o enfrentamento dos bancos na questão dos juros, e a determinação em baixar o valor da energia elétrica. Destaque também para a decisão de direcionar todos os royalties do pré-sal para a educação, inclusive enfrentando o Congresso neste ponto. Dentre outras questões, vale também ressaltar que Dilma finalmente deu-se conta da necessidade de avançar na área da cultura, e foi feliz ao demitir a ministra Ana de Hollanda. Em poucas semanas, a nova ministra, Marta Suplicy, já conseguiu, por exemplo, aprovar o vale-cultura, importante instrumento de difusão cultural num país ainda tão carente quanto o nosso. No entanto, além das pautas listadas anteriormente, há uma série de questões pendentes, como a reforma agrária ou uma política mais ousada para o meio-ambiente, que precisam ser equacionadas do ponto de vista de um legítimo governo democrático-popular.  

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