2013 promete ser um ano
politicamente decisivo, tanto no plano internacional, quanto no nacional. Para além da crise europeia, de
seus reflexos na economia mundial, do primeiro ano do novo governo Obama, do
eterno conflito no Oriente Médio ou das tensões em relação a países como Irã e
Síria, a questão política internacional mais importante deste ano – ao menos
deste início de ano – é o desenrolar da revolução bolivariana na Venezuela. Não
apenas pelos evidentes avanços trazidos pelos dois primeiros governos Chávez à
população mais carente do país, e que poderiam ser revertidos caso o chavismo
veja-se derrotado (isto é, caso Chávez morra ou não tenha condições de exercer
seu terceiro mandato). Mas também porque qualquer tipo de recuo político e/ou
de retomada do poder político venezuelano por parte da burguesia local pode
abalar toda a onda progressista e integracionista que tomou conta do nosso
continente, e que iniciada justamente com a eleição de Chávez em 1998, abriu um
um raio de sol no pântano das catástrofes provocadas pela ortodoxia neoliberal
adotadas em nível mundial. Não à toa, o governo brasileiro tem se movimentado
no sentido de ajudar a garantir a estabilidade de nosso vizinho e a manutenção
da linha política (ao menos externa) por parte da Venezuela, mesmo no caso de
Chávez deixar a presidência. Também na América do Sul, destaque também para o desenrolar
da tensa situação argentina e das eleições paraguaias, um ano após a deposição
do legítimo presidente Fernando Lugo (que será candidato ao Senado) por um
golpe de Estado.
Em nível nacional, passadas as
eleições e o julgamento do “mensalão”, ficou mais uma vez evidente a urgência
de pautarmos a reforma política (com ênfase no financiamento público de
campanhas e, igualmente, do voto em lista) e a democratização dos meios de
comunicação (a chamada “lei dos meios”). Já escrevi algumas vezes sobre o tema
(veja aqui, aqui ou aqui, por exemplo). E, por isso mesmo, fico feliz de ver o PT e setores da esquerda se
propondo a encampar a luta por estas duas frentes neste ano. É finalmente preciso
que saiamos do discurso e ganhemos as ruas com essas pautas. O problema é que o
governo já se manifestou e dificilmente se engajará nesta luta – especialmente
na luta pela aprovação de uma lei dos meios –, algo, a meu ver, inaceitável.
2012 foi um ano de alguns
importantes avanços no governo Dilma, como o enfrentamento dos bancos na
questão dos juros, e a determinação em baixar o valor da energia elétrica. Destaque
também para a decisão de direcionar todos os royalties do pré-sal para a
educação, inclusive enfrentando o Congresso neste ponto. Dentre outras
questões, vale também ressaltar que Dilma finalmente deu-se conta da necessidade
de avançar na área da cultura, e foi feliz ao demitir a ministra Ana de
Hollanda. Em poucas semanas, a nova ministra, Marta Suplicy, já conseguiu, por
exemplo, aprovar o vale-cultura, importante instrumento de difusão cultural num
país ainda tão carente quanto o nosso. No entanto, além das pautas listadas
anteriormente, há uma série de questões pendentes, como a reforma agrária ou
uma política mais ousada para o meio-ambiente, que precisam ser equacionadas do
ponto de vista de um legítimo governo democrático-popular.
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