No próximo domingo, dia 07/10, enquanto os olhos dos
brasileiros estiverem voltados para as eleições municipais, em outro pleito
decisivo, na Venezuela, o futuro de toda a América Latina estará em jogo. O atual presidente
Hugo Chávez tentará sua reeleição, numa disputa com o direitista Henrique
Capriles, candidato da elite local e dos EUA.
Chávez foi o primeiro presidente
de esquerda eleito após a onda neoliberal que assolou nossa região nos anos
1980/1990, em 1998. Com um governo popular, de inversão de prioridades e
privilegiando as classes mais baixas, vem promovendo uma verdadeira revolução naquele país, financiada pelo
dinheiro do farto petróleo venezuelano (daí o interesse dos EUA na Venezuela),
que pela primeira vez é usado para atender os interesses do povo, e que permite
a setores historicamente marginalizados, o papel legítimo de sujeitos políticos de seu país. Isto, naturalmente, provocou uma tensão
permanente no país, um processo agudo de luta
de classes. Sobreviveu
(literalmente) a um golpe de Estado em 2002, promovido pela burguesia local com
apoio norte-americano. Foi reeleito em 2005, e agora tenta prosseguir sua
“Revolução Bolivariana”. Tem apoio popular, lidera todas as pesquisas de intenção de voto com boa margem (cerca de
20%), mas luta contra forças que sabidamente podem se valer de qualquer meio
para conseguir seus objetivos – a começar pelo imperialismo norte-americano.
O medo dos apoiadores de Chávez é
que a oposição não reconheça os resultados das eleições do dia 07 (se de fato
perderem) e tentem – sob a acusação de “fraude”, “compra de votos” etc. –
desestabilizar o país e sua democracia. Independentemente das críticas pontuais
que se possa fazer a Chávez, ao seu governo etc., neste momento, é preciso ter
em mente que uma derrota chavista seria um duro golpe no cenário progressista,
que tomou conta da região depois de sua vitória e da vitória de Lula, em 2002.
Hoje, a América Latina, especialmente no Sul, é um verdadeiro laboratório de
experiências que buscam superar o neoliberalismo e seus efeitos nefastos. A
Venezuela é uma das pontas deste processo. Uma derrota de Chávez poderia servir
de combustível para a direita combalida, mas jamais morta, em nosso continente
– da mesma forma que sua vitória e seu governo foram importantes impulsos para
os sucessos subsequentes da esquerda na região. Portanto, como disse há alguns
meses o ex-presidente Lula (ver ) em mensagem ao Foro de São Paulo (congresso que reúne os partidos de esquerda e
movimentos sociais do continente), a vitória de Chávez, mais do que a vitória
do povo venezuelano, é a vitória de toda a América Latina.
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