segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Na Venezuela, o futuro da América Latina


No próximo domingo, dia 07/10, enquanto os olhos dos brasileiros estiverem voltados para as eleições municipais, em outro pleito decisivo, na Venezuela, o futuro de toda a América Latina estará em jogo. O atual presidente Hugo Chávez tentará sua reeleição, numa disputa com o direitista Henrique Capriles, candidato da elite local e dos EUA.

Chávez foi o primeiro presidente de esquerda eleito após a onda neoliberal que assolou nossa região nos anos 1980/1990, em 1998. Com um governo popular, de inversão de prioridades e privilegiando as classes mais baixas, vem promovendo uma verdadeira revolução naquele país, financiada pelo dinheiro do farto petróleo venezuelano (daí o interesse dos EUA na Venezuela), que pela primeira vez é usado para atender os interesses do povo, e que permite a setores historicamente marginalizados, o papel legítimo de sujeitos políticos de seu país. Isto, naturalmente, provocou uma tensão permanente no país, um processo agudo de luta de classes. Sobreviveu (literalmente) a um golpe de Estado em 2002, promovido pela burguesia local com apoio norte-americano. Foi reeleito em 2005, e agora tenta prosseguir sua “Revolução Bolivariana”. Tem apoio popular, lidera todas as pesquisas de intenção de voto com boa margem (cerca de 20%), mas luta contra forças que sabidamente podem se valer de qualquer meio para conseguir seus objetivos – a começar pelo imperialismo norte-americano.

O medo dos apoiadores de Chávez é que a oposição não reconheça os resultados das eleições do dia 07 (se de fato perderem) e tentem – sob a acusação de “fraude”, “compra de votos” etc. – desestabilizar o país e sua democracia. Independentemente das críticas pontuais que se possa fazer a Chávez, ao seu governo etc., neste momento, é preciso ter em mente que uma derrota chavista seria um duro golpe no cenário progressista, que tomou conta da região depois de sua vitória e da vitória de Lula, em 2002. Hoje, a América Latina, especialmente no Sul, é um verdadeiro laboratório de experiências que buscam superar o neoliberalismo e seus efeitos nefastos. A Venezuela é uma das pontas deste processo. Uma derrota de Chávez poderia servir de combustível para a direita combalida, mas jamais morta, em nosso continente – da mesma forma que sua vitória e seu governo foram importantes impulsos para os sucessos subsequentes da esquerda na região. Portanto, como disse há alguns meses o ex-presidente Lula (ver ) em mensagem ao Foro de São Paulo (congresso que reúne os partidos de esquerda e movimentos sociais do continente), a vitória de Chávez, mais do que a vitória do povo venezuelano, é a vitória de toda a América Latina.


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