terça-feira, 11 de setembro de 2012

Espinosa, o "mensalão" e o sistema político brasileiro

A edição 104 da revista Teoria e debate conta com artigo de minha autoria, no qual discorro sobre  a "privatização da política" que se dá no âmbito do discurso conservador dominante. Esse processo privatizante é flagrante no julgamento do chamado "mensalão", no qual tenta-se criar uma falsa oposição entre "bons" e "maus" políticos, através de uma régua moralista, sem base material, enviesada pela lógica da vida privada, que sequestra a moralidade pública, pois não se aplica a esta, como explica o filósofo Baruch de Espinosa, nos termos que crê o senso comum.

Assim, não se questiona o arcabouço político-institucional que favorece práticas de corrupção, mas se reduz a discussão a uma questão de "caráter". No entanto, é preciso observar que tal procedimento não é feito sem interesses escusos por trás, mas visa conservar à força o poder daqueles setores que têm sido derrotados nas urnas, através da dissolução paulatina da esfera pública. Com efeito, "não causa estranheza que, em nenhum momento desde que se denunciou o "mensalão", menos ainda durante o "julgamento" (que mais parece um linchamento de um partido e alguns de seus dirigentes), a grande mídia, os partidos de direita e demais setores economicamente hegemônicos no país tenham se pronunciado a favor de mudanças no sistema político-eleitoral", este sim, o âmbito no qual a corrupção é favorecida. Por isso, é preciso que toda a esquerda trabalhe no sentido de "desprivatizar" radicalmente a política, trazendo-a para o domínio democrático do público.

O artigo completo pode ser lido aqui.

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