terça-feira, 1 de maio de 2012

Balanço de 1º de Maio


Nesse 1º de maio, Dia do Trabalhador, temos elementos importantes para celebrar. Para nos concentrarmos em fatos das últimas semanas, a recente redução da ainda exorbitante taxa de juros dos bancos públicos imposta pela presidenta Dilma; sua promessa de veto ao Código Florestal absolutamente retrógrado aprovado pela Câmara na última semana; a declaração de constitucionalidade das políticas de ações afirmativas; a criação da “CPI do Cachoeira”, sem qualquer interferência negativa do Planalto, que se bem dirigida (o que passa diretamente pelo papel de liderança destemida que o PT deve desempenhar na condução da Comissão), pode passar a limpo as relações promíscuas entre políticos, grande mídia e contraventores; para não falar da sequência dada nas políticas de redução das desigualdades e de erradicação da miséria, de fortalecimento do salário mínimo e da educação, cujos resultados positivos são amplamente conhecidos. Por fim, na véspera deste 1º de Maio, Dilma anuncia Brizola Neto como novo Ministro do Trabalho. Este promete ser mais um polo de tensão à esquerda do governo, podendo servir de ponto de apoio para políticas progressistas que precisam entrar de vez em nossa pauta política, como a redução da jornada de trabalho e a democratização dos meios de comunicação (Brizola Neto, lembremos, é um dos “blogueiros sujos” que mais batalham contra o monopólio de informações da velha grande imprensa).

Mas, naturalmente, nem tudo são flores, e não há Dia do Trabalhador sem luta. Diante do cenário instável de crise internacional, é preciso que o governo se engaje mais concretamente na defesa do emprego e da produção nacional, como exige a CUT, por exemplo, reduzindo ainda mais os juros e colocando em pauta a já mencionada redução da jornada de trabalho. Também é absolutamente necessário, se quisermos acabar com a miséria e nos tornarmos um país sustentável, social e ambientalmente, que a presidenta comece a se contrapor com maior virulência ao poder do agro-negócio (o igualmente citado veto ao Código Florestal seria um importante indicativo nessa direção), fortalecendo a agricultura familiar e destravando a reforma agrária. Por fim, mas não menos importante, e somando-se à necessidade de pautar a regulamentação dos meios de comunicação, passa da hora de reorganizar o Ministério da Cultura, com a demissão imediata da atual ministra, recuperando (e aprofundando) os avanços obtidos no governo Lula, a partir da compreensão desse ministério como um dos pilares, ao lado do MEC, para a transformação social, política e ideológica do país.

De qualquer forma, 2012 se desenha como um ano mais aberto a transformações progressistas do que foi 2011. As constantes demonstrações de insatisfação da “base aliada” para com a presidenta são um bom indício de que Dilma quer tomar de vez as rédeas do governo e conduzir suas políticas públicas no sentido preconizado durante sua campanha, que ela reitera na mensagem desse 1º de maio: ser “a presidenta que cuida [não] apenas do desenvolvimento do país, mas aquela que cuida, em especial, do desenvolvimento das pessoas”. Que assim seja! À luta!

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