terça-feira, 24 de abril de 2012

Testemunhando uma tragédia: o caos da educação pública em SP

Por conta de uma segunda graduação que estou fazendo, estou vivenciando, pela primeira vez, a realidade de uma sala de aula na rede pública de ensino. Muito se fala sobre a péssima qualidade da educação em São Paulo. Mas quando se adentra essa área, mesmo que como estagiário, tudo se amplifica. A impressão, na verdade, só se confirma.

Aqueles que, como eu, acreditam na possibilidade de uma sociedade efetivamente democrática, sabem que a educação desempenha um papel essencial na formação de cidadãos com um mínimo de bagagem cultural e consciência crítica e cidadã. Mas, em São Paulo pelo menos, estamos muuuuito distantes desse ideal. De fato, basta colocar um pé dentro de uma escola pública paulista para se perceber a gravidade do problema.

Como se sabe, as escolas em São Paulo não reprovam os alunos anualmente (apenas por excesso de faltas). Com isso, retira-se do professor uma mínima moeda de troca com a qual ele pudesse barganhar com os alunos. Na medida em que estes, em geral, pouco ou nada estão dispostos a aprender, o professor fica com as mãos atadas. Para que afinal, prestar atenção na aula, copiar a lição, fazer exercícios etc., se, ao final das contas, todos serão aprovados?

A estrutura das escolas, especialmente o ambiente de sala de aula, é desanimador. Às condições muitas vezes precárias de ensino, somam-se o completo desrespeito dos alunos para com o patrimônio público, para não dizer em relação ao professor. Sujeira, bagunça, carteiras riscadas etc. Mas, na verdade, nada que boa parte dos adultos não faça cotidianamente também em outras esferas. É um típico exemplo de círculo vicioso, que se propaga ad infinitum.

É claro que há problemas na estrutura curricular, na forma como deveriam ser ministradas as aulas, que desestimulam os alunos, pois se baseiam numa realidade muito distante da que eles vivenciam. No entanto, me parece que apenas esse fator não é capaz de explicar o verdadeiro caos instalado na educação pública paulista. A meu ver, há um problema de formação dos alunos, desde os níveis mais elementares, que jamais são resolvidos.

Os professores, amplamente desestimulados, fazem o que podem, até onde sua paciência permitir. Naturalmente, há maus professores, mas com o salário irrisório que recebem, a maioria acaba fazendo até demais, muitas vezes substituindo o papel que, na verdade, deveria ser dos pais ou responsáveis. Abrindo mão de sua responsabilidade, estes deixam para a escola (em primeiro lugar, na verdade, para os mass media, sobretudo a televisão), a tarefa de fornecer alguns dos elementos básicos de sociabilidade, como respeito ao próximo, à coisa pública, cordialidade etc., bem como a importância que a educação e uma boa formação (acadêmica e humana) devem ter na vida de uma pessoa, sobretudo nos dias atuais. A escola, por sua vez, que já não é capaz de cumprir nem mesmo suas obrigações elementares, torna-se ainda mais impotente quando precisa resolver também esta outra gama de problemas.

E para agravar ainda mais esse cenário catastrófico, toda essa situação fica escamoteada pela manipulação dos dados das “avaliações” (como o SARESP) promovidas pelo governo, que ainda por cima dedica uma parcela insuficiente do orçamento para a educação.

É fato que não se pode generalizar. Há exceções, naturalmente, tanto em termos de aluno, de classe, de escola etc., mas o ponto que quero reforçar é que a educação pública, sobretudo a paulista, não pode mais ficar como está. Sob pena de uma parcela importante de nosso futuro (como nação, como democracia) ficar (ainda mais) comprometido pela absoluta responsabilidade daqueles que há quase 20 anos governam nosso estado. Em outro momento, pretendo retomar o tema, aprofundar algumas questões. Este foi apenas um panorama geral, o testemunho difuso de um primeiro impacto. Ainda há muito para falar.

segunda-feira, 16 de abril de 2012

Finalmente, futebol para valer!

Passados praticamente três meses de monotonia, o fato é que o futebol para os clubes paulistas, em âmbito local, se reinicia no próximo final de semana. Como era de se esperar, São Paulo, Corinthians, Palmeiras e Santos se classificaram sem qualquer susto, junto a Ponte Preta, Bragantino, Mogi-Mirim e Guarani. Além disso, os quatro seguem firmes nas competições paralelas que disputam: Santos e Corinthians na Libertadores, São Paulo e Palmeiras na Copa do Brasil.

O São Paulo, aliás, me surpreendeu neste início. Não apenas pelas 11 vitórias seguidas, interrompidas no último domingo pela derrota diante do Linense, mas pela postura ofensiva que o técnico Emerson Leão tenta imprimir à equipe. Sem negligenciar problemas como a lateral direita e o parceiro de Rhodolfo na zaga, e independentemente do resultado no Paulistão, creio que o clube tem boas chances de seguir seu desenvolvimento e disputar o título da Copa do Brasil. Mas, para o Brasileirão, alguns reforços, sobretudo no sistema defensivo, se fazem necessários. Por ora, aguardemos o desenrolar dos acontecimentos, a começar pelo confronto diante do Bragantino.