segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Juvenal, o aristocrata decadente, e os rumos do São Paulo

Bem, após a saída de Ricardo Gomes, decidi esperar um pouco para falar sobre a situação do São Paulo, interinamente comandado por Sérgio Baresi. É que, após a eliminação da Libertadores, escrevi um post, “A hora da reformulação” (leia aqui), em que expunha meu ponto de vista: Ricardo, fraco treinador que era, deveria sair. Não só ele, porém; as mudanças não poderiam parar por aí. Mas pararam. E pararam porque a atual diretoria do SPFC também parou: parou no tempo. Deitou-se nos louros conquistados em seu primeiro mandato (o tri-brasileiro) e acreditou que apenas isso bastaria para fazer o São Paulo, como num passe de mágica, continuar vencendo. Não aconteceu. E se nada for feito, a vergonha passada ontem diante do Corinthians tende a se repetir.

Há tempos, o time apresenta um futebol sofrível. Mesmo quando, no ano passado, disputava até a última rodada mais um título nacional; ou este ano, no momento em que chegava a uma improvável semifinal continental. Os problemas são crônicos, e se repetem. No início da década, quando se começou a desenhar o SPFC vitorioso do período 2005-2008, a grande sacada da diretoria, comandada pelo saudoso Marcelo Portugal Gouvêa, tinha sido compreender como ninguém as mudanças no futebol brasileiro ocasionadas pelo fim da “lei do passe”. Some-se a isso, o igual entendimento em como montar um elenco capaz de disputar um longo campeonato por pontos corridos, na época, ainda novidade no Brasil. Mas o tempo passou, e a verdade é que outros clubes começaram a aprender, inclusive com o exemplo dado pelo próprio São Paulo. E, o que era nosso diferencial, passou a ser um predicado comum a outras agremiações. Vide o caso do Internacional, por exemplo.

Hoje, o São Paulo nada tem de diferenciado. Quer dizer, tem sim: o discurso. Mas, como futebol não se ganha com palavras, temos visto o clube sofrer em praticamente todos os jogos que disputa. A culpa? A maior parcela, sem dúvida, é de Juvenal Juvêncio e companhia. São eles que, após a saída de Danilo, em 2006, não foram capazes de trazer um meia armador decente para o time. Quer dizer, nem um meia armador decente, nem um mais ou menos. Foram eles que demitiram Muricy no meio do campeonato do ano passado e, querendo mostrar que não são iguais aos demais, resolveram trazer um técnico sem a menor capacidade de dirigir um clube do tamanho do SPFC. Foram eles que, agora, demitiram Ricardo Gomes e, sem qualquer planejamento, efetivaram Sérgio Baresi no cargo, alguém visivelmente despreparado para comandar um clube deste tamanho. Foram eles quem trouxeram Carlinhos Paraíba, Cléber Santana, Renato Silva, André Luís, Fábio Santos, Carlos Alberto, Wagner Diniz, Éder, Joílson, e tantos outros jogadores sem qualquer condição de vestir a camisa tricolor – e, insisto, nenhum meiazinho sequer. É deles a maior parcela de culpa pelo péssimo momento do time. Ah, você pode dizer, mas eles também foram responsáveis pelo inédito tricampeonato brasileiro. Verdade. O problema é que JJ parou na conquista de 2008. Não viu (ou não quis ver) que a roda da história continuou girando. Que os outros clubes se renovaram. E que não bastaria apenas autoproclamar-se “diferenciado” para que as coisas acontecessem. O São Paulo hoje (isto é, sua diretoria, a começar pelo coronel Juvenal),  parece aquele aristocrata decadente que, reivindicando um passado de glórias, continua agindo sob a chancela de sua pretensa e intacta superioridade. Só não percebe que o faz da mesma sarjeta em que foi jogado junto com todos os outros. Alguns clubes entenderam a situação e começaram a agir. O São Paulo se acomodou. Por isso, é preciso renovar. É preciso respirar novos ares. Sob pena de acordar tarde demais – e de maneira muito trágica – do sonho de que o tempo parou naquele gol de Borges contra o Goiás.

2 comentários:

  1. Você abusou um pouco nas críticas.

    "...resolveram trazer um técnico (Ricardo Gomes) sem a menor capacidade de dirigir um clube do tamanho do SPFC."

    "Foram eles que, agora, demitiram Ricardo Gomes e, sem qualquer planejamento, efetivaram Sérgio Baresi no cargo..."

    Capacidade não se discute. Não me convenceu.

    "Foram eles quem trouxeram Carlinhos Paraíba, Cléber Santana, Renato Silva, André Luís, Fábio Santos, Carlos Alberto, Wagner Diniz, Éder, Joílson, e tantos outros jogadores sem qualquer condição de vestir a camisa tricolor..."

    Isso não se diz. O futebol deles podem não lhe agradar, mas condições muitos da sua lista tem. Basta ver o histórico de clubes do Cléber Santana: Santos (2006-2007); Atletico de Madrid (2007-2010); Real Mallorca (emp - 2008-2009); São Paulo (2010).

    Tome cuidado nas críticas.
    Abraço!

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  2. Grato pelo toque. Mas, realmente, acho que esses jogadores citados não têm condições de serem jogadores de um clube do tamanho do São Paulo. E os motivos não são apenas técnicos. Cléber Santana, por exemplo, é bom jogador. Mas não demonstra nenhum comprometimento com o time. Isso, p/ mim, é motivo mais do que suficiente p/ entender que ele não pode ser jogador de um time como o São Paulo. Além do mais, o futebol está repleto de jogadores que sempre jogaram em granddes times, mas que ninguém entende porque.

    Quanto aos técnicos, disse, em outro post, o que pensava de Ricardo Gomes. É um treinador mediano. Pode melhorar? Pode, assim como o Baresi. Mas, hoje, não são técnicos à altura do SPFC.

    Abraço!

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