terça-feira, 10 de agosto de 2010

A Globo manda seu recado: não quer Dilma presidente

Segunda-feira, 09 de agosto de 2010. O Jornal Nacional, da Rede Globo, deu início ontem a uma série de entrevistas com os 3 principais candidatos à presidência do Brasil. Qual não foi a surpresa de muita gente, porém, com a forma como foi conduzida a primeira dessas entrevistas, com a candidata do PT, Dilma Rousseff*.

Bem, todo mundo sabe da opção favorável da Globo ao candidato José Serra. Por isso mesmo, não era de se esperar uma entrevista muito amistosa com Dilma. Contudo, a forma com que William Bonner se comportou na noite de ontem, rasgou até o frágil véu de imparcialidade que a emissora insiste em querer mostrar.

Primeiramente, Bonner tentou criar uma imagem distorcida da candidata, utilizando-se de colocações tais como “o presidente Lula disse que a senhora maltratou os ministros”. Ora, qualquer um sabe o tom de brincadeira em que o presidente disse tais palavras. Mas, quando tentou explicar o contexto, Dilma foi atropelada por Bonner. A cena se repetiu outras vezes: o apresentador perguntava – em tom que vacilava entre a intimidação e a leviandade – e, no meio da resposta da candidata, a interrompia para retrucá-la. Sempre de maneira pouco elegante. Uma espécie de inquisição ao vivo, em que não era dado à candidata o simples direito à resposta! Não à toa, num determinado ponto, em meio a mais uma interrupção de Bonner, até mesmo Fátima Bernardes – que, no começo, também havia tentado colar em Dilma a imagem de “chefona”, de alguém incapaz de diálogo, logo, não indicada a presidir um país como o Brasil – virou-se para o apresentador e pediu, sutilmente, para que ele se calasse.

Dilma, porém, saiu-se bem diante da maneira pouco usual de se conduzir uma entrevista (apenas para vocês terem uma ideia, comparem a entrevista na Globo com aquela dada poucas horas depois, no “Jornal das 10” da “Globonews”, canal a cabo da própria Globo, a maneira pela qual o jornalista André Trigueiro se comportou). Quando Bonner, falando da política de alianças do PT, perguntou, em tom sarcástico, se o partido nunca errou, Dilma simplesmente respondeu: “[No seu lugar,] eu perguntava outra coisa: onde foi que o PT acertou?”. Ou quando, diante da insistência completamente descontextualizada de Bonner, dizendo que as taxas de crescimento do Brasil são inexpressivas quando comparadas a outros países, como a Rússia, respondeu: “a queda da economia na Rússia no ano passado foi terrível. Criamos quase 1,7 milhão de empregos no ano da crise”. Só acho que ela deveria ter acrescentado: você sabe quantos a Rússia criou nesse período? Pois é...

Enfim, o que quero dizer é que é bom todo mundo ficar de olho. Não sei o que acontecerá nas entrevistas com os demais candidatos e quando o momento da eleição se aproximar. Mas, ontem, a Globo deu seu recado: não quer Dilma presidente. E, no que for possível, tentará minar sua candidatura. Lembremos que não é a primeira vez que isso ocorre. Em 89 eram Lula e Collor. Dois outros candidatos. A tática foi semelhante. E todo mundo sabe o final da história...

*Link para entrevista completa (com transcrição) aqui

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